sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ELEIÇÕES BANGUELAS - Bruno Eliezer
















Novamente, período das eleições. Época de empregos temporários, do aquecimento esperado nas gráficas, no aumento nos ganhos de publicitários. Dos planejadores oficiais de campanhas. Dos cabos eleitorais pagos. Há quem diga que o único beneficio das eleições são os trabalhos gerados para si. Vejo também o fenômeno dos homens faixa, as mulheres porta-bandeira e panfleteiros competindo espaço com os pedintes, os malabares e os passantes nos sinaleiros.

Almejando atenção o candidato patrão, sorridente na foto, com v de vitória, escancarando seu número com o imperativo vote! O mar de faixas e bandeiras, às vezes parecendo uma grande festa colorida, as cores predominantes, azul e vermelho. As senhoras gordas contratadas para tremular a bandeira o dia todo, queimadas de sol e aflitas por água. Banguelas, moradoras de bairros distantes e sem entender o que realmente pode significar um resultado eleitoral. Longe dos ternos caros estão as camisetas furadas dos seguradores de faixa em pontos de destaque da cidade, pensando na vida como um comercial. Ou na novela se vendo como um potencial personagem prosperando no trabalho e comprando carros. Tenta se esforçar para esquecer da realidade embrutecida, da política que não há política.

Não sabem as propostas dos candidatos por quem transpiram o dia todo, das diferenças ideológicas das bandeiras e da ideologia que permeia seus pensamentos. A ensurdecedora propagação de singles emburrecedores, que calam qualquer raciocínio, em seus ritmos de sertanejo, forró, funk ou rock comercial. Incutindo-nos a besta ideia de que o número mais ouvido será o merecedor de nosso voto.

Todos ganham com as eleições? - Com certeza não, e uns saem ganhando mais ainda. E para maioria nada muda e se muda é para pior. A política tomas rumos despolitizantes às vezes, já que nadar contra as correntes empresariais dos níveis locais, nacionais e principalmente internacionais é coisa do passado.

Parece que é coisa antiga confrontar-se com interesses dos grandes, pelo contrario, hoje até o respeitamos, pois sabemos que as armas para lutar estão dispersas em áreas televisivas. Pois, no Brasil, temos pouco do debate de ideias da militância pensante, disposta a ideias. Tivemos muitos antes, porém o peso da idade incapacita para ação, com todo respeito. E nossa geração esta embriagada de coca-cola. Ocupada com o facebook. Mal temos política. Apenas a politica eleitoral, de véspera, da pressa, do discurso ditado pelo marqueteiro.

Temos uma ideia vaga de projetos. Inclusive as propostas de candidatos parecem estar eternamente em vias da construção de seu projeto. O que manda é a política de campanha, de quem convence o povão a votar neste ou naquele partido. Às vezes dá impressão que nem há oposição porque são tão amplas as coligações de um ou outro candidato que a política se torna única.

É claro que exagero um pouco, é certo que a política é feita de projetos. Mas que não seja apenas projeto, e sim ações. Que seja real. Que aqueles que trabalham nas campanhas possam saber de verdade o que estão fazendo e escolher fazê-lo ou não. Que as eleições sejam capazes de escolher os defensores dos direitos do povo, não das corporações sanguessugas, não dos empresários ávidos por lucros maiores, apoiadores de candidatos com a boca cheia de dentes, enquanto, quem trabalha para sua campanha não tem nenhum.

Um comentário:

  1. A tal "política" vigente no país (e em tantos outros) é a dos financiadores de campanhas. São estes quem determina a "política pública", ou seja, ela também foi privatizada, pelos seus bastidores. Não há políticos (fora alguma rara exceção, devidamente neutralizada pela esmagadora maioria - apoiada pela mídia), há fantoches que simulam política enquanto fazem do Estado um criminoso, um robinhude ao contrário, que rouba dos pobres pra dar aos podres de ricos.

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