quinta-feira, 31 de maio de 2012

ZINE ADELANTE - EDIÇÃO 0

"Soy América Latina,
un pueblo sin piernas
pero que camina"


(Calle 13)


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desayuno

Salve coletivo!

Já fervemos a água, o café ta no fogo e o zine saiu do forno. Invitamos todos para o desayuno.

Por que escrevemos? Por que falar da nossa gente? Das nossas utopias? Por acreditar que no nosso povo, na cultura popular, na literatura marginal, no sentimento e na luta coletiva está a semente que libertará essa terra. Não acreditamos nisso por motivo de fé, mas por que encontramos em cada braço, em cada abraço, em cada olhar cúmplice, em cada gesto e ato de rebeldia, os traços para se desenhar um novo mundo. 


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PRA QUE SERVE O PAU TORTO?

e eu sou torto seu doutor
É mó da canga mau medida
Feita pra boi já crescido
Calejado pelos anos de servidão
Bem servido pro senhor


(Antonio Gringo de Assunção)

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Dançando com os deuses

um itinerário mitológico para repensar a vida... 


Um filósofo alemão maluco, chamado Nietzsche disse certa vez que só acreditava num deus que dançasse. Nietzsche se surpreenderia conhecendo a mitologia negra, a diáspora africana e toda imigração que trouxe as deusas e deuses africanos que vieram para o Brasil nas cabeças e nos corações dos escravos. 


(Danilo Georges)


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Meu pé de Videira

Você, textura viva e rara, pele em veludo - brilhante como o sangue – sutil, que tanta inveja causa às simplórias Malváceas.

Você, colhida sob as frias manhãs de setembro, espécie única – de mais formoso pecíolo – inigualável beleza – outra igual não me lembro – a mais perfeita alvorada. 


(Mauricio Ferreira)


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FOTOGRAFOZ - Lau Laurentino

Tirando um sossego antes de seguir viagem!!!
Toda vez que pedalamos o mundo sai do lugar
A pé, de carona, de magrela ou de busão
o importante é se movimenta
r


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SITIO COLETIVO - Coletivizando Conhecimentos e Informações


Historicamente, a classe patronal usa de artimanhas para alcançar objetivos e para que o trabalhador esqueça a verdadeira origem e sentido do 1º de Maio, atraindo a classe trabalhadora com seu velho 'pão e circo'. 

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A INCENDIÁRIA

O sol ensaiava o parto
Num ponto sem telhado e sem banco
Na entrada da Cidade Nova
Uma pequena multidão esperava o primeiro ônibus do dia
Ela surgiu do nada com seus passos lentos e firmes
Em uma das mãos carregava uma placa
Na outra, uma garrafa pet cheia de gasolina


(Eliseu Pirocelli)


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COMUNHÃO PAGÃ

Sorvo teu corpo
no vinho do meu
Teus poros me abrem
Embriago-me ateu.

(Alai Diniz)

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ESTÚDIO COMUNITÁRIO DO CIDADE NOVA INICIA CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE MATERIAL

O Estúdio ECO é um projeto de iniciativa popular e está sendo construído por moradores do bairro Cidade Nova, ligados ao Movimento Hip-Hop. A proposta é ser um estúdio comunitário a serviço das comunidades e dos movimentos sociais. Num primeiro momento as atividades realizadas no espaço serão ensaios de bandas, produção musical e gravação. Outra idéia é iniciar a escolinha de Djs, estudos e experimentações sonoras.


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PARA CONSTRUÇÕES COLETIVAS:

CAL MARX: Indicado para construções coletivas

Consciência e Consistência das MASSAS


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ALIENAÇÃO DESALIENANTE - O Dub Triste que faz Sorrir.

“Feliz dub triste que me faz sorrir”. Esse é um dos versos da música do nosso compatriota Ali, do grupo/banda Alienação Afrofuturista, que faz um ótimo trabalho de desalienação com suas experimentações e manifestações sonoras.
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POEZINE

(Cleriston Rodrigues)


dias santos, propaga, salário,
propaganda,volta ao trabalho,
mira o relógio, dia santo,
último mês, mesada, roda erda,
volta tudo de novo,
promoção para as moças,
sapato estrelar, estreia,
torra-torra, fim de ano,

HOMEM INVISÍVEL

aproxima-se lento e manco um dócil e inofensivo animal inútil. não tem pedigree, nem luxo, muito menos dono. caminha entre nós com sua capa plástica e branca, sem luxos, sem palavras, mostrando apenas parte do rosto marcado pela passagem dos verões.


(Carol Miskalo)




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ESCULACHO

Alessandro Meneguel, Latifundiário, ex-presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, é preso acusado de chefiar milícias no campo e mandar assassinar camponeses. Calma, estamos no Paraná - estado do agronegócio - ele jamais seria preso por essa acusação.


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AMOR DE MÃE É IMENSURÁVEL!!!

Quando eu nasci, ela só queria ser mãe
Quando comecei a dar os primeiros passos, ela me amparou
Quando comecei a falar, ela me escutou
Quando comecei a crescer, ela me deixou voar
Quando meus sonhos foram quebrados, ela ajudou a consertá-los


(Danilo Georges)




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BOTO FEZIS

Botamos fezis no novo código florestal...

Veta Dilmis, se não tomaremos todos no forevis...







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terça-feira, 29 de maio de 2012

FOZ DO IGUAÇU É? - Danilo Georges

Foz do Iguaçu não é uma cidade é uma paisagem, ou melhor, um modelo de paisagem para se forjar uma cidade. A cidade paisagem tem muitas faces, ela é falsa, mentirosa e lubridiosa. Ora é inferno urbano no programa sensacionalista ora é paraíso natural na propaganda oficial turística.

Foz do Iguaçu não é uma cidade, é estatística, sendo estatística não há pessoas nem vidas, só há contabilidade de mortos ou turistas.

Foz do Iguaçu é o Templo do Consumo, Números, notas e conta das compras, morador é consumido e consumado made in Taiwan no produto globalizado.

Foz do Iguaçu é uma Fronteira imposta, com armas cada vez mais novas, com calibres cada vez mais pesados, com braços cada vez mais fortes e mais violentos, sobreviver aqui é sofrimento, a cidade está fardada ao fracasso da insegurança pública.

Foz do Iguaçu não é bairro, é condomínio fechado com muros a prova de gente, com carros importados com vidros escuros da indiferença, cidade do medo, medo do pobre e do preto.

Foz do Iguaçu é cidade de elite, gente chique, não gosta de manos ou hippies, esses são sufocados pelo estereótipo local, esculachados pela guarda municipal dentro do padrão marginal, nessa cidade não se esqueça: só morador pobre morre cedo.

Foz do Iguaçu, a cidade da maior usina hidrelétrica, mas a Itaipu não clareia o tormento dos familiares dos operários que morreram no cimento, tanta produção energética e falta iluminação nas ruas e vielas das favelas, se produz mais contradição do que luz. Depois de desapropriar os indígenas das suas terras tenta se cultivar uma água boa. Água boa é pura, límpida e cristalina, e não essa água que escorre dos rios das opressões das terras privatizadas e dos rios contaminados. Em suma quanta energia desperdiçada!

Foz do Iguaçu não é escola, já que turmas de escolas públicas estão sendo fechadas, corte de gastos, para gerar mais lucro para o Estado. Precarização do trabalho. Foz do Iguaçu é prisão, pois essas estão sendo ampliadas, reforçadas, monitoradas e fortificadas cada vez mais. Usado o mesmo dinheiro do estado. Equação da barbárie: + presídio – escola = mais de 200 jovens assassinados ao ano.

Foz do Iguaçu não tem espaços públicos, tudo por aqui é privatizado, se prevalece a lógica privada, em síntese Foz não é uma cidade, é uma grande privada que a burguesia caga, é sempre o trabalhador informal quem limpa, em 98 anos esse é o ciclo.

A burguesia caga na cidade e o povo é quem se suja.

DIÁRIO - Giovane Lozano

São 5:45 da manhã, o despertador toca
Pelas frestas da madeira sinto o vento passar
Chaleira no fogo,
lavo a cara para mais um dia começar
Mesa pronta, café eu vou tomar
Pão com margarina eu vou comer pra sustentar
Não posso me atrasar, eu preciso é trabalhar.

O ônibus no ponto eu vou pegar,
mais meia hora eu posso descansar
É tanta gente não consigo nem mais respirar
Patrão está na espera de quem não chegar
Bater o ponto sem pestanejar
Começo a trabalhar
Faço parte da máquina
nem sei mais por onde começar.

Meio dia o sinal toca é hora de parar
Abro a marmita dá até desgosto de olhar
Como com vontade e sem me deliciar
Nem vejo a hora passar
Sinal toca de novo, mais 6 horas de pavor
No rosto sempre um olhar de horror.

Sigo sem saber ainda quem eu sou
Não posso parar, o patrão ta olhando
Mais um braço da máquina que sou
Devo continuar, o dia não pode parar
Está chegando o fim, falta pouco
Mais uma vez a sirene toca, agora acabou.

A noite cai, a minha casa está lá
Telhado frágil, vigas fracas, chão gelado
Geladeira falta o que comer
Durmo com fome e não sei o por quê
Trabalho pra quem? Trabalho pra quê?

Trabalhadores no Canavial - P.C.Weber

















No início ele sonhou.
A namorada dele sonhou.
Alguns que estavam próximos
Também sonharam.
Mas o dia terminou
E os sonhos se esvaneceram.
O canavial era vasto.
O trabalho duro.
Então era preciso sonhar.

Noutro dia ele sonhou.

A mulher dele sonhou.
Os filhos sonharam.
Alguns que estavam próximos
Também sonharam.
O dia era longo.
O sol impiedoso.
O trabalho duro.
Então era preciso sonhar.

Os anos se passaram.
A mulher morreu.
Os filhos cresceram
E foram embora.
Alguns que estavam ao redor
Ou morreram ou partiram para longe.
A vida era insuportável.
A fome humilhante.
O trabalho duro.
E os sonhos secaram no canavial.

De vuelta a la Legalidad - Rafael Portillo


La unión de obreros y campesinos del pueblo guaraní de la República del Paraguay, esa unidad que viene creando el PCP en la clandestinidad durante 66 años. El 27 de abril del 2012, en una resolución de la Tribunal Superior de Justicia Electoral reconoce como un nuevo partido, al glorioso y combativo Partido Comunista Paraguayo que fue desterrado por la Dictadura de Stroesner que duro 35 años y más de 60 años de hegemonía de del partido colorado. También es importante resaltar el trabajo de la juventud comunista en el seno del partido desde 1945, su reactivación luego de la caída de la dictadura militar en 1989.

Tanto el partido como la juventud promovieron la lucha por la recuperación de la legalidad, que el Estado debía resarcir minimamente por los daños, persecuciones y muertes a los heroicos camaradas que lucharon por un socialismo.Este es un paso imprescindible para el PCP dentro del proceso de lucha por una verdadera democracia en paraguay, por la construcción del paraguay de los Comuneros, del Dr. Francia, de los López. De los Campesinos, Indígenas y Obreros explotados.

Este no es un regalo ni un reconocimiento, sino un logro más de los/as comunistas, una brecha para la construcción del socialismo en Paraguay y en América Latina.

Vamos por la segunda y definitiva Independencia!!

84 años Latiendo Coraje y Dignidad!!

www.pcparaguay.org

BOTO FÉZIS










Botamos fezis na bancada ruralista, que somam ao todo 230 deputados, que adiaram a votação da PEC 438/2001, a chamada Lei do Trabalho Escravo. Tentando descaracterizar a escravidão contemporânea que ocorre nos latifúndios brasileiros.

Trabalhadores são expostos a condições degradantes de trabalho com jornada exaustiva, cerceamento de liberdade, retenção de documentos, ameaças físicas e psicológicas, espancamentos e até assassi-natos.

Nos últimos 15 anos mais de 42 mil trabalhadores foram libertados de trabalhos análogos à escravidão colonial.

O sentimento de medo entre ruralistas é evidente! Acreditamos ser esse um grande esforço da nação para reduzir a insegurança no campo.

POR TRÁS DA CORTINA - Aliados da Periferia revela os bastidores da favela




Por trás da cortina de águas das Cataratas, do turismo segregacionista de Foz, existe um povo que luta, que resiste, que enfrenta e que cria. O que acontece por trás da cortina, nos bastidores dos espetáculos, por trás da cortina de fumaça, no anonimato do cotidiano periférico? Estar por trás da cortina pode representar também a organização social, os debates travados nos movimentos, seja em associações de moradores, sindicatos ou coletivos de Hip-Hop.

Aliados da Periferia é mais um grupo de rap das favelas de Foz que vem escrevendo por linhas tortas, em batidas quebradas, com “sangue suor e lágrimas” a sua própria história. O grupo é formado por Negro Jonne e Cascão, moradores do Jd. Petrópolis e Morumbi. Negro Jonne iniciou no rap pelos idos de 1999. Na época ele saía de rolê pelas vielas do Jd. Paraná, onde acontecia os primeiros ensaios de rap da zona norte de Foz. Lá ele conheceu o grupo ADP (Aliados da Periferia), na época formado por Nenê e Dj Lizal, o qual integraria mais tarde. Cascão começou a curtir rap na década de 90 quando se identificou com a música Fim de Semana no Parque - do grupo paulista Racionais Mc’s - que seus irmãos ouviam. Começou a escrever suas letras uma década depois e a se apresentar em alguns eventos na quebrada do Morumbi. O ADP passou por diversas formações nesses 13 anos de caminhada. Cascão veio a se integrar ao grupo bem mais tarde, no ano de 2006.

O ADP está gravando seu primeiro álbum de forma independente, no Stúdio Oeste e os Bang, na quebrada do Porto Meira. Em uma época de grande pressão para enquadrar o rap no grande mercado da música e entretenimento e cobra-se dos rappers uma postura mais comportada, os Aliados “vem pra incomodar” e fazer um som com a cara do bom rap nacional, que não mede palavras para criticar aquilo que julgam errado. O grupo narra as mazelas periféricas e mostra ser a “prova viva” de que o capitalismo é um sistema inviável, que segrega, mata, é corrupto e corruptível, onde o 'você vale o que você tem' ilustra que aqui o dinheiro vale mais que a vida do ser humano. Na intro do CD os manos cantam: “Na selva é assim não reina leão / só reina as onças e reina as de 100”. Suas músicas e sua história funde-se com a própria história e cotidiano de suas favelas, de sofrimento, miséria, violência, abandono do Estado, abuso policial, mas também de convivência e relações de amizades, companheirismo, coletividades.

O ADP também traz em suas músicas um encontro da linguagem popular com a erudita. Enquanto Cascão estudou até a 6° série e teve a rua como sua universidade, Negro Jonne teve acesso a bons colégios e bons livros e também acompanhou e participou do ápice do Movimento Punk de Foz, o que te trouxe uma bagagem política, que podemos observar em suas letras.

“Vem pra ver, conferir o que rola por trás da cortina”

Numa das músicas, intitulada “Vai na Fé”, podemos ouvir: Cascão – “Filhos do mesmo homem / dividindo o mesmo mundo / vende a água por dinheiro / divide a terra por lucro / (...) justiça insiste que o rap é apologia ao crime”, Negro Jonne - “Eles esbanjam sem pudor um tipo de poder herdado / grandes corporações representantes do Estado / arquitetam paredões pra testar sua força bélica / produções subliminares entre suas estratégias / sua expressão sarcástica, sorriso patético / subnutrindo o ser humano, criando embriões sintéticos / (...) o ocultismo por trás da cortina da campanha / vermes negociam almas em forma de barganha”.

A música “Por trás da Cortina” – que dá título ao álbum – traz fragmentos da crueldade da fronteira: “Conexão Paraguai, abastecendo o Brasil / e o ouro branco, verde, é vendido e convertido em fuzil” / “Criança próxima ao corpo que sangra crivada de bala”, “Muamba, marihuana, contrabando / Um doze, cavalo loco, assalto a banco”, “Escama de peixe, haxixe e mentolado / No comercio negro, aquece o mercado / Do Nike shock, os falsifix, ao despertador / Do wiski mais caro e chique, ao processador”.

Quem ouve ADP percebe também a tentativa do grupo de entender e discutir a questão racial, a falsa abolição, uma ferida ainda não cicatrizada no corpo desse Brasil de 512 anos: “Pelos negreiros, porões / delegacias prisões /psico, cruéis torturas / miseráveis condições” / “O negro resistiu, lutou, aboliu a escravatura” / “Zumbi, herói dos negros”.

A música “Vidas Secas” foi escrita após Negro Jonne ter acesso à obra de Graciliano Ramos, e traz em seus versos, elementos do nosso viver urbano nas favelas, das mazelas como a fome, falta d'água, desigualdade, exploração da força de trabalho.

O álbum será lançado em breve e a rapaziada já pode baixar os sons:

ADP - PRA ENCOMODAR

https://rapidshare.com/files/1457397886/ADP_-_pra_encomodar.mp3.

ADP - VAI NA FÉ

https://rapidshare.com/files/3207831536/ADP_-_vai_na_fe.mp3

*As frases que estão entre aspas são trechos e títulos das músicas.

O ministério dos Aliados adverte: Aprecie sem moderação e compartilhe os fones de ouvido.

ao casa.com sobre meu bairro - Lays Laine

O MC´Donald não realiza entregas na minha zona,
CEP registrado nas Casas Bahia.

Minha avó dorme num quarto de azulejos
veste a casa de fotos,
seu marido coleciona bancos,
quintal com quatro casas:

'Não moro sossegado,
o aluguel come no meu prato'*

Na garagem e armários as quinquilharias,
os degraus do quarto encaminham á lavanderia.
TV maior que a estante
sem canal privado,
arquitetura nula,
mas temos churrasqueiras.

Mercearias empoeiradas e estreitas
com seus chocolates amanteigados
embrulhados em guarda-chuvinhas, coxinha á 0,50
torresmos & salsichas de vitrine,
bares & igrejas nos intertem.

Há sempre uma nova obra
de combate as enchentes,
constroem parques ecológicos
e quadras de futebol.

Meu esgoto corre a céu aberto.

*Damião Cordeiro

Ciranda da Vida - Ary Neto

Veja essa ciranda
Eu não entendo nada
Cantando e rodando
Sem rumo e sem parada

Me convocaram pra brincar
Vem, vamos rodar
A letra já está dada
Não pense em mudar

No sentido horário
Não esqueça o seu cartão
Nem todo mundo joga
Alguns não jogam não

Só o lado de cá
Que pode brincar
Se não foi convidado
Fique onde está

Cadê aquele papo
De vamos todos cirandar
Mas que puta mentira
Tão tentando camuflar

Veja que triste muro
Que distanciou os meus irmãos
Atrás dessa muralha
Não ouço uma canção

Mas lá do outro lado
Muito ódio e rancor
Inventaram um novo jogo
Desprovido de amor

Agora é lei da natureza
Sem regra, sem beleza
Vai rola muita porrada
Se falta o pão na mesa

E o muro então caiu
Mostre a cara, meu Brasil
Na ciranda da paz
Ou da guerra civil

NOVE MESES – Felipe Fraga

Foram nove meses que passei na maior
tranqüilidade que um ser pode passar.
Nove meses no quentinho, em meu abrigo,
sentindo toques suaves, toques de amor
e de carinho, ouvindo seu cantarolar para
eu dormir. Ela não sabia sequer minha
aparência e nem sabia que estava acordado.

Passei nove meses cantarolando ao seu lado.
Passou nove meses me carregando, me
aconchegando, estava na minha perfeição,
tinha tudo que queria. Nove meses pensando
por que merecia tanto, porque só eu estava ali,
ninguém além dela podia me notar.

Nove meses me levou para eu acordar, essa foi a primeira
decisão de minha vida, a minha decisão de se libertar.
Libertei – me, vim ao mundo, tudo escuro, era frio, vozes...
algo tocou em mim, abri os olhos, vi as coisas ao meu redor,
barulhos, luzes. Respirei bem fundo, então gritei à sociedade,
logo me esquentaram , me alimentaram, olhei nos olhos de quem
me carrega a nove meses.

Logo me levaram para casa, a primeira impressão do mundo, o primeiro contato, tudo era tão diferente, não era mais só eu. Passei 9 meses me descobrindo, nove meses aprendendo a falar, caminhar... Comecei a ver o mundo de pés no chão, sem ninguém para me carregar, primeiro passo agora nesse mundo.

Vi pessoas na rua, matando, roubando, já não era aquele mundo que via ao redor dos braços de minha mãe, vi opressão, rebelião, todos pela libertação.
Vi carros de luxo, vi pés descalsos, vi pratos fartos e pratos vazios,
vi túrgidos de tanto comer, vi magrelos de tanto pedir. Mudos pois já perderam as forças de tanto gritar, surdos pois já cansaram de tantas promessas, cegos pois não agüentam mais ver tanta barbárie, desesperados pela vida, desesperados por apenas sua libertação.

Estava confuso, tinha muitas perguntas, Então gritei: Cadê seus direitos? Logo escutei: consumidos pelo poder. Que poder? Aqueles que nos suga, aqueles que nem se quer olha pra gente.

Cadê sua liberdade de ir e vir? - ir e vir? Ir para meu emprego,
ser tratado como escravo e vir para casa cansado sem ter o que
comer. Cadê o país democrático? - democrático? Democracia de livre comércio, pois somos aqui tratados como mercadoria. Cadê, cadê, passei 9 horas, 9 meses, 90 anos e ainda não descobri aonde está.

Apenas sei que com toda essa opressão nesse mundo é difícil me libertar.

A libertadores e a liberdade - Alexandre Martins


Hoje, 04 de julho de 2012, comemoram-se exatamente 236 anos da independência norte-americana. Soa-me irônico, sendo paulista, estar em Foz do Iguaçu nesta data, neste momento.

Primeiro porque estou bem do lado do país que nas últimas semanas foi vítima do golpe de estado talvez mais cínico da história latino-americana, sem “violência” e dentro estritamente do mais rigoroso rito democrático: Fernando Lugo foi extirpado da presidência como uma especialista e meticulosa equipe médica retiraria um feto de um ventre cuja mãe tivesse pais que, não desejando a futura criança, pagasse sem pestanejar um caríssimo e ilegal aborto sob as mais rígidas normas médicas de um hospital oficial.

Segundo, soa-me também irônico porque hoje, nesta noite frenética, decide-se a final do campeonato que revelará o melhor time da América, entre o brasileiro Corinthians e o argentino Boca Juniors.

Estar aqui hoje está parecendo estar no bairro do  Bexiga, em São Paulo: o Paraná todo parece também ter se tornado paulista - ou está sendo apenas brasileiro, para deixar um pouco a rabugice de lado.

E o que a primeira coisa tem que ver com a segunda? Em uma competição esportiva cujo nome é LIBERTADORES DA AMÉRICA, nada me parece mais surreal do que ver e ouvir milhares de brasileiros paranaenses da fronteira (os outros milhões de brasileiros envolvidos na torcida não estou vendo nem ouvindo, porque estou sem TV) mobilizados até os dentes na simpatia pelo Timão, engajados absurdamente numa causa que deixa de ser paulista para ganhar uma dimensão nacional. Não que torcer não seja saudável; eu mesmo, aqui, no ano passado, torci freneticamente para o Santos, que então abateu e consagrou-se campeão das Américas em cima do uruguaio Peñarol. Não. Não é este o caso.

A ironia é a inacreditável apatia brasileira, em especial a dos mesmos mobilizados torcedores pró e contra o Corinthians na noite de hoje (e a dos do Santos, no ano passado), diante do crime contra a LIBERDADE NA AMÉRICA que está sendo cometido no irmão Paraguai. Mobilizações de movimentos sociais chegaram a arranhar alguns minutos na mídia quando pacificamente bloquearam a Ponte da Amizade, mas os resultados foram irrelevantes. Nada mais.

Por agora, recuperando sinistros traços de uma história recente, foi o Paraguai a bola da vez, mas, a imaginar os interesses estadunidenses na questão, a situação é preocupante e mereceria este mesmo frenesi futebolístico da noite de hoje (ou aquele santista do ano anterior), só que em prol da LIBERDADE POLÍTICA NA AMÉRICA. Neste 4 de julho irônico, quem tem mesmo a comemorar são os EUA: com um de seus paus mandados na presidência paraguaia, pode vir a desestabilizar mais ainda não só o já capenga MERCOSUL, nem a embrionária UNASUL, mas todo o sistema articulatório que começava a ganhar forma na América Latina. Viva a LIBERTADORES sem libertadores! Viva a emérita América! LIBERDADE!!

ESCULACHO














"A Comunicação é uma missão social. Por isto, juro respeitar o público, combatendo todas as formas de preconceito e discriminação, valorizando os seres humanos em sua singularidade e na luta por sua dignidade"

(Juramento do Jornalista Profissional)


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“Enquanto isso muitos brasileiros, queriam ter o sonho de fazer uma faculdade, à custa do governo e não consegue, e muitas vezes o governo tá pagando para pessoas de outros países fazerem aqui a faculdade”.
Luciano Alves - Tribuna da Massa).

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Não aceitamos o sensacionalismo iguaçuense!!!

Engraçado, Foz que vende a idéia de ser uma cidade diversa e plural, onde 72 etnias “convivem em harmonia”, permite um comentário xenofóbico e preconceituoso como esse, contra os alunos estrangeiros da UNILA.

A GRANDE MÍDIA CRIA INIMIGOS.
Transforma estudantes em bandidos

TRAVESSIA - foto e poesia de Michele Dacas
















Logo que cheguei ouvi: "Eis em Foz um dos chacras da terra, dizem que as pessoas que chegam aqui podem ir para qualquer lugar, você escolhe ficar ou partir". Não sei e não procurei saber mais sobre, também não deu tempo. Em Foz o movimento é violento, e o chacra escoa mais do que o cair de águas. Em pouco, a energia que faz fluir performa cores e ventos de tempestade, muitas vezes ruborizadas com a timidez do anoitecer, outras ardentes com a onipotência do sol. Nas ruas, corre o flerte dos olhares que trazem na íris outros lugares.

E nos paladares uma orgia de sabores transam pimentas, vinhos, queijos, óleos, frutas, peixes, ervas e essências. Nas semanas, mesclam-se o verde da natureza com a trilha sonora de ônibus, motos, pontes, regatons, aduanas, mercadores, consumidores, transeuntes e contraventores. Mas as noites acalmam, e as veias se entorpecem com risos, dramas, amigos, lendas e outras doses de embriaguez, para nascer a rotina dormente outra vez.

E nas vitrines circulam os turistas carregados de hotéis, sotaques, flashes e mochilas. Tudo em Foz é ir, tudo em Foz é vir, é cair em além de...Enfim, não lembro mais quem foi que me avisou, só sei que eu já me partí em fronteiras, daí.

O agronegócio e seu projeto de dominação na agricultura - (Por: Matheus Gringo de Assunção)
















Se por curiosidade buscarmos no dicionário da língua portuguesa o significado da palavra “agronegócio” encontraremos seu sentido genérico, onde se relaciona com qualquer transação comercial com produtos agrícolas. Entretanto, nas últimas décadas essa palavra ganhou um status de conceito, e se refere a um determinado modo de organizar a produção agrícola, na maioria dos casos, esse modo de organização se reflete em grandes latifúndios, monocultura, uso intensivo de agrotóxicos, mão-de-obra assalariada, mecanização e direcionamento da produção agrícola para a exportação.

O domínio do projeto do agronegócio pode ser localizado na história com a implantação das políticas neoliberais, portanto, estamos falando de pouco mais de 20 anos, neste período brindou-se uma aliança entre os grandes latifundiários brasileiros, o capital internacional na forma dos bancos e das grandes empresas transnacionais, o Estado e a grande mídia.

Agora nos perguntamos, quais foram os impactos dessa reorganização da produção agrícola?

Para responder a essa pergunta não é necessário ir muito longe, se dermos uma volta no nosso interior veremos que o predomínio na produção agrícola está em 4 culturas principais, são elas: a soja, cana-de-açúcar para a produção de etanol, carnes (principalmente bovinos) e eucalipto para produção de celulose.

Infelizmente não é apenas isso, o projeto do agronegócio vem acompanhado de um aumento da concentração da propriedade da terra, da concentração da renda, da diminuição dos empregos na agricultura, do aprofundamento da dependência ao capital financeiro internacional, etc...

No decorrer da exposição nos vimos obrigados a fazer outra pergunta. Esse é um problema apenas do campo?

Parece-nos evidente que não, para dar um exemplo dos impactos à toda sociedade vamos citar de inicio um primeiro dado preocupante: o Brasil já se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, se dividíssemos todo o veneno usado nas lavouras brasileiras pela população, seria equivalente a 5,2 litros de veneno por pessoas/ano. Segundo pesquisas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vem crescendo o número de alimentos com resíduos de agrotóxicos, ou seja, é o veneno ingerido diariamente pela população.

Além disso, grande parte desses venenos vai parar em rios e nascentes, contaminando cursos d'água, solos e até os lençóis freáticos, que são importantes reservas de água.
Estamos falando de um modelo degradante, que vem causando a destruição da biodiversidade, intensifica os desequilíbrios climáticos, contamina os homens e mulheres do campo e da cidade, transforma tudo e todos em mercadorias.

Parece-nos claro que é necessário construir um novo projeto para agricultura, que de modo algum pode ser separado de um novo projeto para a sociedade. Neste sentido, é fundamental que organizações sociais, políticas, comunitárias, em cada cidade ou bairro dialoguem sobre esse tema, cobrando dos seus representantes políticas públicas que incentivem a produção de alimentos saudáveis, de base agroecológica, fruto do trabalho dos pequenos agricultores familiares.

Outro modo de produzir é possível e necessário! Milhares de pequenos agricultores ao redor do mundo já vêm buscando formas alternativas de produzir, entre elas está a agroecologia, que vem dando provas de que é um modo sustentável, produtivo e socialmente justo.
Por um projeto popular e soberano para o campo e a cidade!

ZINE ADELANTE - EDIÇÃO 0


"Soy América Latina,
un pueblo sin piernas
pero que camina"


(Calle 13)

Rasguei meu contrato religioso com o deus/patrão e refiz meu contrato com a natureza e a humanidade - Danilo Georges

Rasguei meu contrato com deus/patrão: libertei-me da ideia de salvação ou calvário.

Rasguei meu contrato com deus/patrão: sofrer para aprender, não! Aprender é transcender.

Rasguei meu contrato com deus/patrão: viver não é torturar o presente com os valores do passado, e sofrer ameaças com castigos e punições no futuro.

Refiz meu contrato com a humanidade: meu deus é o mar ou o mar é um deus líquido. Ele me ensina que existe uma força maior, algo superior, que não compramos e nem controlamos.

Sejamos humildes somos só mais uma partícula no universo.

Refiz meu contrato com a humanidade:
estou aprendendo a respeitar a natureza da qual faço parte. Estou tentando modificar a sociedade da qual também sou responsável.

Refiz meu contrato com humanidade: contemplei as pessoas, aprendi a ver nelas a possibilidade da amizade, do afeto, da paixão e da promessa. E não a vê-las como uma ameaça, um inimigo, no qual tenho que combater e competir.

Viver é um pleno exercício espiritual: de respeito, aprendizado, consciência e ajuda mútua.

E a espiritualidade é uma relação permanente, sem forma ou receita única.


Nem minha nem tua - Giovanna Ritchely

Eu escrevo, pois minha voz é baixa
Assim, você de longe aí, pode me ouvir,
me ver e me sentir.
Escrevo para esses meninos de rua,
para as prostitutas,
para esses filhos que o mundo pariu e não criou
Para as senhorinhas sem hora,
para a mãe que chora.
Só escrevo, para os doutores, escritores,
os analfabetos e médicos.

Essas inspirações que aparecem
e sentam-se à mesa de bar,
como velhos amigos recitam um jazz,
Nesta esperança que renasce,
e nessa desordem que caminha
Traduzindo palavras do latim e do tupiniquim
Um começo e um fim.

Que essa poesia não se fixe em um livro
de capa bonita, de letras douradas e vazias,
de sentimento frio,
deixe ela caminhar, na voz, no jargão popular.

Essa poesia é de todos e de ninguém,
Essa poesia nem é minha, essa descontente

É de quem lê, de quem vê,
de quem estranha, de quem compreende e dos que não entendem
Mas é principalmente de quem sente.

FOTOGRAFOZ

Sofia Escobar e Carla Rodriguez Orihuela


O nosso cenário é a rua, é ali onde temos que atuar, onde temos de mostrar o nosso poder através da organização. Acredite: o povo unido, jamais será vencido!

Na atualidade, nosso continente está atravessando um período de instabilidade. Honduras, Equador, Bolívia e Paraguai, têm sido vítimas da onda golpista e devemos tomar cuidado porque esta pode se espalhar aos outros países da região (...) Os povos da América Latina devem ser os protagonistas desta luta [contra as ditaduras] e se manifestarem para denunciar, levantar questionamentos, serem críticos de suas realidades e construtores de um projeto comum para o nosso continente.

desayuno

Salve coletivo!

Já fervemos a água, o café ta no fogo e o zine saiu do forno. Invitamos todos para o desayuno.

Por que escrevemos? Por que falar da nossa gente? Das nossas utopias? Por acreditar que no nosso povo, na cultura popular, na literatura marginal, no sentimento e na luta coletiva está a semente que libertará essa terra. Não acreditamos nisso por motivo de fé, mas por que encontramos em cada braço, em cada abraço, em cada olhar cúmplice, em cada gesto e ato de rebeldia, os traços para se desenhar um novo mundo.

Almejamos a utopia e enxergamos ela adelante e por isso caminhamos...

Somos pintores insandecidos e esse ainda não é o quadro que queremos, conspiramos para que hasta la victoria esse seja um projeto inacabado.

Esse primeiro zine foi produzido artesanalmente a quatro mãos por: Mano Zeu e Danilo Georges.

Nessa edição trazemos o atentado poético do front da fronteira: Carol Miskalo, Cleriston Rodrigues, Maurício Ferreira, Antonio Gringo de Assunção e Alai Diniz.

A trilha sonora que embala as páginas xerocadas dessa edição vem da banda Alienação Afrofuturista e quem fotografa Foz é Lau Laurentino. Num rolê pelos blogs de Foz nos apropriamos de um sítio coletivo. O trapalhão Mussum bota fezis no novo código florestal e exige o Veta Dilmis. Cacildis!!!

E ainda mostramos o dedo do meio para a grande mídia que se ausentou e não esculachou o latifundiário Alessandro Meneguel.

Seguiremos Adelante! Com a certeza de que o melhor dia é aquele que ainda não vivemos, a melhor luta é aquela que ainda não travamos e o mundo ainda não é, mas será aquilo que construiremos juntos!

Obs. Nessa estrada da vida vire a esquerda ou quebre a direita e siga adelante!!!


PRA QUE SERVE O PAU TORTO?

e eu sou torto seu doutor
É mó da canga mau medida
Feita pra boi já crescido
Calejado pelos anos de servidão
Bem servido pro senhor

O doutor tem razão
Pau que nasce torto, morre torto
Não tem presteza pra servidão
Quando o marvado corta seu tronco aleijado
Quem chora é o machado, o pau se deita calado,
prontinho pra rebrota curvado sem presteza pra servidão

Já sabe o vaqueiro esprimentado
Que bezerro que nasce de chifre afiado
melhor é deixar de lado
Não aceita canga e canzil
Seu coice é disparo de fuzil
Combate açoite e ferrão

Diz que queixo duro se quebra com bridão
Nisto eu lhe dou razão
Depois de bem custiado, sem cócegas e com a cela acostumado
Como um burro manso amadrinhado
O bicho é enganado, acaba aceitando o peão

Mas o doutor me desculpa este meu jeito enrolado
De falar meio engraçado
Do jeito que os pobre entende
É que aqui no sertão criamo uma união
Que só quem ficou sem pão
Sem médico, e sem lição
Sem terra e sem ambição
Pode entender e explicar.

(Antonio Gringo de Assunção)

Dançando com os deuses

um itinerário mitológico para repensar a vida...


Um filósofo alemão maluco, chamado Nietzsche disse certa vez que só acreditava num deus que dançasse. Nietzsche se surpreenderia conhecendo a mitologia negra, a diáspora africana e toda imigração que trouxe as deusas e deuses africanos que vieram para o Brasil nas cabeças e nos corações dos escravos. Se soubesse como os deuses e deusas da mãe África dançavam e amavam, talvez ele tivesse dito: “só acredito num deus que dance e que faça amor. Ou num deus ou uma deusa que dança do jeito que se faz amor”.

Boto fé que hoje Nietzsche filosofaria sobre o lundu, funk, kuduru e todas as danças “malevolentes” e todo ritmo que emergem dos terreiros, das favelas e dos tambores da cultura negra.

O filosofo ateu tem razão, o deus dos cristãos é o único deus que não dança. Os deuses e deusas da antiguidade clássica não só dançavam, mas bebiam, festejavam, amavam, pecavam e estavam presos às tentações terrenas.

O único deus da história que nunca fez amor, pecou, dançou é esse.

Ele vive sozinho, decide tudo, não se socializa com os outros deuses e deusas, não têm companheiro nem companheira. Que deus mais individualista!
Para os antigos, sejam eles gregos, romanos ou africanos, a dança como o amor é livre. E não se prevaleceu dessa forma a lógica do amor mercantil com o único propósito para gerar e produzir mão de obra.

Dizem por ai que esse deus único não tem amigos, nem irmãos, só filhos. E ele Condena o desejo carnal, e não aceita outras formas de amor. Isso tudo é pecado! Creio que pecado maior é desamar, não materializar nossos desejos, se punir, se auto boicotar das nossas vontades. Da fruta que nasce da arvore proibida devemos devorar até as sementes.

Eu renovo minha fé, esperança e me sinto protegido toda vez que deito ao lado de uma linda companheira, abraçado e envolvido na paz do seu sono. Sinto que o amor, a cumplicidade e o desejo seja a prova mais verdadeira que deus existe. Embora às vezes não acredite nele. Mas não devo temê-lo, venerar ou amar a ele... Mas sim adorar, amar e desejar atrevidamente as deusas.

(Danilo Georges)

Meu pé de Videira


Você, textura viva e rara, pele em veludo - brilhante como o sangue – sutil, que tanta inveja causa às simplórias Malváceas.

Você, colhida sob as frias manhãs de setembro, espécie única – de mais formoso pecíolo – inigualável beleza – outra igual não me lembro – a mais perfeita alvorada.
Você, de aroma suave, quão vistoso é o elixir - bebida dos deuses - que invade minha boca e por ela somente desejo desagua.

Você, líquido que me desce, e que a garganta me afaga - enquanto chove agora – e que tanto me aquece - nesta noite clara - bem mais que lenha de acácia.

Mas é também você, que me corre nas veias e meu corpo embriaga, a mente devaneia, o rosto avermelha, as pernas enfraquece, as vezes também me desaba.


E também você, quando em mim, por muito não me aguenta, vem fácil e me apaga.

Mas é só você, safra nova, que a velhice do tempo melhora, já em 29 anos é rara, e que nenhum preço lhe paga sequer uma dose homeopática.

Somente você, que é extraordinária - que é UVA! - mas também humana,
que é de outro plano,
muda de Santa Rosa ou videira jupteriana.

(Mauricio Ferreira)

FOTOGRAFOZ - Lau Laurentino



Tirando um sossego antes de seguir viagem!!!

Toda vez que pedalamos o mundo sai do lugar

A pé, de carona, de magrela ou de busão

o importante é se movimenta
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SITIO COLETIVO - Coletivizando Conhecimentos e Informações


Coletivizando Conhecimentos e Informações


1º DE MAIO: COMIDA, DIVERSÃO E CONTRA-INFORMAÇÃO

Historicamente, a classe patronal usa de artimanhas para alcançar objetivos e para que o trabalhador esqueça a verdadeira origem e sentido do 1º de Maio, atraindo a classe trabalhadora com seu velho 'pão e circo'. Primeiro dia do mês, dia do trabalhador e o que vem na cabeça de muitos: feriado, festas, bingos, premiações, shows de pagode ou de dupla 'sertaneja universitária', costelão e até corte de cabelo na 'faixa', tudo isso oferecido 'generosamente' por empresas e empregadores.

Mascarando o verdadeiro sentido desta data de luta, o 'festerê' promovido no feriadão serve para que o empregado - transformado hoje em 'colaborador' - esqueça os demais 364 dias do ano e abandone ideais de que é a partir da luta dos trabalhadores que se fazem as mudanças estruturais de uma sociedade.

“Assim como a comunicação hegemônica deforma, a comunicação alternativa forma”.

Conheçam o blog sitiocoletivo.blogspot.com

A INCENDIÁRIA


O sol ensaiava o parto
Num ponto sem telhado e sem banco
Na entrada da Cidade Nova
Uma pequena multidão esperava o primeiro ônibus do dia
Ela surgiu do nada com seus passos lentos e firmes
Em uma das mãos carregava uma placa
Na outra, uma garrafa pet cheia de gasolina
Muita gente não entendeu seu protesto solitário
Fincou a placa na beira da estrada
Puxou uns galhos e fechou a rua
Pediu pro motorista e pro cobrador descer
Deu um banho de gasolina no ônibus
Desceu e ateou fogo pela janela
O povo leu a placa, mas ninguém se manifestou
Como se concordassem com o que estava escrito:
“Sorria, você está sendo roubado – R$ 2,65 é Roubo”
Na rua de terra vermelha o ônibus verde tossia fumaça preta no céu azul

Ela passou por mim e lançou um olhar que me acendeu
Se um olhar fala mais do que mil palavras
Nenhuma delas é capaz de expressar
O que aquele olhar despertou em mim
Vi vários cupidos lançando flechas de suas mechas
Tirei uma folha de caderno e uma caneta da mochila
E comecei a escrever:
“40 graus de febre nos 40 graus de Foz
Ela é incendiária, revolucionária!!!”
Enquanto ela subia e sumia com a garrafa vazia
Que parecia, e realmente era, sua arma de fogo
Um foco de luz queimava meu corpo
Hipnotizando os meus olhos que nem pisca
Inconscientemente no papel
A caneta rabisca soltando faísca
O amanhecer coloria a terra
Surgindo das entranhas do abismo da serra
Onde a noite se encerra e as trevas se enterra

A borracha queimada cheirando como perfume
A luz do dia como o lume dos vaga-lumes em seu cume
Lançando raios em fachos como fogos de artifício
No silencioso precipício do meu suplício
Reluzindo em archotes, num brilho de Farol
Na insolação mórbida do sol
Na combustão inflamável na qual me envolvi
Depois ri quando li o que escrevi:

“To doido pra saber qual é a lava que te lava / Qual é a leva que te leva / Qual é a chama que te chama / A pira que te pira / A roda que te roda / A vela que te vela na favela / Quem brinca com seu brinco / Qual o amo que te ama / O canto que te encanta / O livro que te livra”

Fiquei meio pinel, perdido nos labirintos de suas labaredas
No alarde da fogueira que arde no fim da tarde
A bola vermelha do sol se pondo
No andar das crianças, no vôo dos pombos
Com ardor, esperei no mesmo ponto
Meio bobo, meio tongo, meio tonto
Meia noite em ponto.
Uma noite e tanto.
A alegria faz o parto
Numa atividade paranormal botou fogo em meu quarto
Me abraçou e me abrasou
Fiquei com o coração em chamas

(Eliseu Pirocelli)

COMUNHÃO PAGÃ

Sorvo teu corpo
no vinho do meu
Teus poros me abrem
Embriago-me ateu.

Absorvo as rédeas do tempo
Envelhecida
em salivas de língua
Em suores de carne,
em febres e ais.

Renasço
Sorvendo teu sopro
No rito do meu

(Alai Diniz)

ESTÚDIO COMUNITÁRIO DO CIDADE NOVA INICIA CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE MATERIAL


O Estúdio ECO é um projeto de iniciativa popular e está sendo construído por moradores do bairro Cidade Nova, ligados ao Movimento Hip-Hop. A proposta é ser um estúdio comunitário a serviço das comunidades e dos movimentos sociais. Num primeiro momento as atividades realizadas no espaço serão ensaios de bandas, produção musical e gravação. Outra idéia é iniciar a escolinha de Djs, estudos e experimentações sonoras.

Iniciamos nesse mês de maio a campanha para arrecadar materiais para a construção do espaço físico do estúdio. Pedimos doações de tijolo, cimento, cal, areia, pedra, madeira, telha, ferro, forro.

Essa é a primeira campanha. Na seqüência organizaremos a campanha para arrecadar materiais para isolamento e tratamento acústico e também para aquisição dos equipamentos necessários para o funcionamento do estúdio.

Contamos com sua ajuda.

Contato: manozeu_rap@hotmail.com

PARA CONSTRUÇÕES COLETIVAS:


CAL MARX: Indicado para construções coletivas

Consciência e Consistência das MASSAS

ALIENAÇÃO DESALIENANTE - O Dub Triste que faz Sorrir.



“Feliz dub triste que me faz sorrir”. Esse é um dos versos da música do nosso compatriota Ali, do grupo/banda Alienação Afrofuturista, que faz um ótimo trabalho de desalienação com suas experimentações e manifestações sonoras.

A música já está ocupando os lares, bares, pistas e celulares, através de seu CD Promo divulgado recentemente. Alienação Afrofuturista traz uma mistura muito loca de sons influenciados nas raízes africanas: reggae, dub, ragga, blues, rock, ska, rap, hardcore, samba, funk, jazz. Sem comprometimento com estilo musical, mas comprometido em fazer um bom som, muito bem elaborado, diversificado e múltiplo, na contramão de um mundo que caminha a passos largos para a padronização.

A dupla Ali & Selectah Raggamonk estão produzindo junto com o produtor e rapper curitibano Cabes, pela produtora TrackCheio, um disco cheio, ainda sem previsão de lançamento. O primeiro Ep do Alienação Afrofuturista foi lançado em 2007, quando o mano ainda habitava a terra iguaçuense. A música do mano continua com forte influência do mestre Black Alien do Rio de Janeiro, mas com um jeito todo paranaense de ser internacionalista. “Santa Mama África, Brasil, Ruanda, Moçambique, Angola, quando ouvirem certamente se identificarão.

Desalienar-se é estar aberto a novas experiências, quebrar paradigmas e estereótipos, desinventar para reinventar. Trabalhar a alienação para desalienar é trabalhar a desconstrução para construir algo novo, diferente do que está ditado. Assim como a paz sem voz é medo e viver em paz é não aceitar a pacificação forçada por armas.

Enquanto o álbum não sai, os companheiros e companheiras podem ir ouvindo algumas músicas no myspace:

www.myspace.com/alienacaoafrofuturista

O Ministério Afrofuturista adverte: Aprecie sem moderação e compartilhe os fones de ouvido.

POEZINE

dias santos, propaga, salário,
propaganda,volta ao trabalho,
mira o relógio, dia santo,
último mês, mesada, roda erda,
volta tudo de novo,
promoção para as moças,
sapato estrelar, estreia,
torra-torra, fim de ano,
volta e marca o tempo , coisa e tal,
volta, voga? varises nas nuvens,
corredor da vitoria, sales barbosa-
feira de santana, marechal manaus,
volta feira do rafo de santana,
carúarú avenida acm, acne
peixe crú,cruzeiro do sul
foz do cupuaçú
suco quente
frio na mente
volta tempo cíclico
roda de Ixion
perdão eterno e papas na lingua
papa de arroz, pirão de farinha
mandióca açada e cozida
pão da terra
ponto final

(Cleriston Rodrigues)

HOMEM INVISÍVEL


aproxima-se lento e manco um dócil e inofensivo animal inútil. não tem pedigree, nem luxo, muito menos dono. caminha entre nós com sua capa plástica e branca, sem luxos, sem palavras, mostrando apenas parte do rosto marcado pela passagem dos verões.
o homem leva nas mãos apenas um pedaço de papel plastificado que mostra a um e outro onde pode-se ler:

SOU DEFICIENTE FÍSICO E NÃO POSSO TRABALHAR, PRECISO DE SUA AJUDA!

as pessoas se entreolham, ou desviam e continuam fingindo seus sorrisos amarelos como se nada estivesse ali.

(Texto e foto de Carol Miskalo)

ESCULACHO


Alessandro Meneguel, Latifundiário, ex-presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, é preso acusado de chefiar milícias no campo e mandar assassinar camponeses. Calma, estamos no Paraná - estado do agronegócio - ele jamais seria preso por essa acusação.


Recomeçando...

Alessandro Meneguel, Latifundiário, ex-presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, é preso acusado de matar um policial federal, na madrugada do dia 12/04 em frente a uma casa noturna, no centro de Cascavel.

Engraçado que não vi nenhum repórter sensacionalista esculachar o suspeito. Será que é por que ele é um dos grandes financiadores da grande imprensa da região?

"QUE ISSO IMPRENSA, QUE ISSO?"

AMOR DE MÃE É IMENSURÁVEL!!!



Quando eu nasci, ela só queria ser mãe
Quando comecei a dar os primeiros passos, ela me amparou
Quando comecei a falar, ela me escutou
Quando comecei a crescer, ela me deixou voar
Quando meus sonhos foram quebrados, ela ajudou a consertá-los

Quando errei, ela não me bateu, conversou e me abraçou
Quando sofri, abri nela um abismo de dor
Quando adoeci, ela me curou
Quando fui morar fora, ela conheceu o sentido da palavra ausência

Quando me perco nas noites, ela tenta reinventar o dia
Quando estou frágil, ela me fortalece
Quando estou cinza, ela me colore
Quando tudo fica escuro na minha vida, ela aparece com seu brilho, sua luminosidade materna

O amor de mãe, não pode ser medido por distância, é mais extenso que os oceanos
O amor de mãe não pode ser medido por tamanho, é mais alto que as montanhas
O amor de mãe não pode ser medido por valor, por que esse amor é o que há de mais humano

Por isso mãe te amo!!!

(Danilo Georges)

BOTO FEZIS


Botamos fezis no novo código florestal...
Veta Dilmis, se não tomaremos todos no forevis...


Muita gente não sabe ainda no que o novo código, aprovado pelos deputados, vai afetar a todos nós!!!


Ajude a mostrar o que poderemos enfrentar sem as nossas florestas!