É difícil entender tanta preocupação com a morte da
onça-pintada e do veado-mateiro no Parque Nacional do Iguaçu, enquanto a fauna
está mais viva do que nunca pelos quatro cantos da cidade em busca da nossa
atenção. Na real, os crimes na floresta são fichinha quando comparados com o
desfile tragicômico de seres assanhados em Foz do Iguaçu.
Por esses dias, os ambientalistas poderiam trocar de papel
com a gente. Como estão acostumados a lidar com animais, eles sairiam da toca e
cuidariam dos bípedes desalmados. Já, nós, iguaçuenses, que não temos muito
estômago para engolir anta mentindo na cara dura, poderíamos hibernar por uns
tempos lá pertinho das cataratas.
Isso mesmo. Afinal, é um tal de camaleão-desarmado,
quati-delegado, sapo-rosa, cavalo-véio, baratinha, formiga, tubarão, jaboti,
corujão, ave de rapina, entre tantas outras espécies caçando voto na cidade que
fica até difícil separar realidade da ficção. Vendo essa "gente"
comendo solto por aí vem logo à cabeça duas obras do homem-sapiens.
A primeira, o filme de animação “Madagascar”, que narra a
trajetória de um grupo de bichos que fogem do zoológico e tocam o foda-se pelas
ruas e avenidas de Nova Iorque. ♫ Eu me remexo muito / Remexo.../ Muito♫. A segunda contribuição humanística é “A Revolução dos
Bichos”, livro no qual o mais bem intencionado dos porcos, assim que assume o
poder, explora outros bichos até a morte.
Pensando bem, diante dessa metamorfose toda, fecho com
“Saltimbancos”. Sempre gostei mais de gato, cachorro, burro e galinha. O
musical adaptado por Chico Buarque é uma ode para as transformações
verdadeiras. Cada bichano lutando por seus direitos, por seus sonhos e por um
lugar ao Sol.
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