e eu sou torto seu doutor
É mó da canga mau medida
Feita pra boi já crescido
Calejado pelos anos de servidão
Bem servido pro senhor
O doutor tem razão
Pau que nasce torto, morre torto
Não tem presteza pra servidão
Quando o marvado corta seu tronco aleijado
Quem chora é o machado, o pau se deita calado,
prontinho pra rebrota curvado sem presteza pra servidão
Já sabe o vaqueiro esprimentado
Que bezerro que nasce de chifre afiado
melhor é deixar de lado
Não aceita canga e canzil
Seu coice é disparo de fuzil
Combate açoite e ferrão
Diz que queixo duro se quebra com bridão
Nisto eu lhe dou razão
Depois de bem custiado, sem cócegas e com a cela acostumado
Como um burro manso amadrinhado
O bicho é enganado, acaba aceitando o peão
Mas o doutor me desculpa este meu jeito enrolado
De falar meio engraçado
Do jeito que os pobre entende
É que aqui no sertão criamo uma união
Que só quem ficou sem pão
Sem médico, e sem lição
Sem terra e sem ambição
Pode entender e explicar.
(Antonio Gringo de Assunção)
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