terça-feira, 29 de maio de 2012
Meu pé de Videira
Você, textura viva e rara, pele em veludo - brilhante como o sangue – sutil, que tanta inveja causa às simplórias Malváceas.
Você, colhida sob as frias manhãs de setembro, espécie única – de mais formoso pecíolo – inigualável beleza – outra igual não me lembro – a mais perfeita alvorada.
Você, de aroma suave, quão vistoso é o elixir - bebida dos deuses - que invade minha boca e por ela somente desejo desagua.
Você, líquido que me desce, e que a garganta me afaga - enquanto chove agora – e que tanto me aquece - nesta noite clara - bem mais que lenha de acácia.
Mas é também você, que me corre nas veias e meu corpo embriaga, a mente devaneia, o rosto avermelha, as pernas enfraquece, as vezes também me desaba.
E também você, quando em mim, por muito não me aguenta, vem fácil e me apaga.
Mas é só você, safra nova, que a velhice do tempo melhora, já em 29 anos é rara, e que nenhum preço lhe paga sequer uma dose homeopática.
Somente você, que é extraordinária - que é UVA! - mas também humana,
que é de outro plano,
muda de Santa Rosa ou videira jupteriana.
(Mauricio Ferreira)
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