terça-feira, 29 de maio de 2012
TRAVESSIA - foto e poesia de Michele Dacas
Logo que cheguei ouvi: "Eis em Foz um dos chacras da terra, dizem que as pessoas que chegam aqui podem ir para qualquer lugar, você escolhe ficar ou partir". Não sei e não procurei saber mais sobre, também não deu tempo. Em Foz o movimento é violento, e o chacra escoa mais do que o cair de águas. Em pouco, a energia que faz fluir performa cores e ventos de tempestade, muitas vezes ruborizadas com a timidez do anoitecer, outras ardentes com a onipotência do sol. Nas ruas, corre o flerte dos olhares que trazem na íris outros lugares.
E nos paladares uma orgia de sabores transam pimentas, vinhos, queijos, óleos, frutas, peixes, ervas e essências. Nas semanas, mesclam-se o verde da natureza com a trilha sonora de ônibus, motos, pontes, regatons, aduanas, mercadores, consumidores, transeuntes e contraventores. Mas as noites acalmam, e as veias se entorpecem com risos, dramas, amigos, lendas e outras doses de embriaguez, para nascer a rotina dormente outra vez.
E nas vitrines circulam os turistas carregados de hotéis, sotaques, flashes e mochilas. Tudo em Foz é ir, tudo em Foz é vir, é cair em além de...Enfim, não lembro mais quem foi que me avisou, só sei que eu já me partí em fronteiras, daí.
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